O artista angolano Kiluanji Kia Henda vai apresentar obras recentes, de fotografia e vídeo, na exposição “In the Days of a Dark Safari”, que será inaugurada amanhã, quinta-feira, na Galeria Filomena Soares, em Lisboa, onde estará patente até ao dia 6 de Maio.
A mostra é constituída por duas séries fotográficas – a “The Last Journey of the Dictator Mussunda N´zombo Before the Great Extinction”, constituída por cinco elementos, e “In the Days of a Dark Safari”, com oito obras diferentes – e um vídeo com o título “Havemos de Voltar”.
Nas séries de fotografia é apresentada uma visão crítica da renovação dos discursos que opõem natureza e cultura, civilização e barbárie, “para que se abram novos caminhos para África”, e também uma reflexão sobre a vida e a morte, e na curta-metragem é abordada a forma como a cultura vê a natureza.
De acordo com a galeria, trata-se do resultado de um trabalho de pesquisa histórica, de fotografia artística e de cinema, que pretende desvendar uma dimensão fictícia da história oficial.
Foi realizado no Museu de História Natural de Luanda, em Angola, que se torna palco de narrativas sobre a selva, o colonialismo, a ditadura, o poder, a paisagem e a morte, que conduzem o público a questionar a própria posição e a do artista.
“As paisagens africanas de safari e os animais representados conduzem ao sentimento ambíguo de retorno à génese humana, quase sempre acompanhado pelo terror de se estar exposto”, acrescenta a galeria num texto sobre a nova exposição.
Na série “In the Days of a Dark Safari”, o artista, nascido em Luanda, em 1979, lança-se numa viagem múltipla, entre África e Europa, no século XIX e no século XXI.
“As falsidades colidem umas contra as outras. Entre o referencial externo da floresta e a interioridade da informação científica, entre o evolucionismo colonial e o populismo pós-colonial, produz-se um choque e mudança de perspectiva”, segundo um texto de Kiluanji Kia Henda.
“The Last Journey of the Dictator Mussunda N’Zombo Before the Great Extinction” incorpora o fim das ditaduras em África, inspirada na figura do falecido ex-presidente congolês, Mobutu Sese Seko, “considerado um arquétipo de ditador africano”.
Na curta-metragem “Havemos de Voltar”, título retirado de um poema de Agostinho Neto, o artista narra “a saga de uma Palanca [tipo de antílope] empalhada que ainda possui algo de alma, ou estaria a sua alma empalhada? A Palanca rejeita o papel de se tornar num documento ao serviço da história e, pretende regressar a um passado onde reside a sua glória”.
Kiluanji Kia Henda nasceu em 1979 em Luanda. Vive e trabalha entre Lisboa e Luanda. Artista autodidacta, participou em diversas residências artísticas, nomeadamente: I Trienal de Luanda (2006); ZDB (2007), Lisboa; Black Projects (2008), Cidade do Cabo, África do Sul com bolsa da Swiss Arts Council ProHelvetia e Swiss Agency for Developement and cooperation; e 3.ª Trienal de Gaungzou (2008), China, com apoio da Sindika Dokolo Foundation.
Das exposição individuais que realizou desde 2007, destacam-se: New Man (2013), Kunstraum Innsbruck, Áustria; Trans It (2010), SOSO Gallery, São Paulo, Brasil; Self-portrait as a white man (2010), galleria Fonti, Nápoles, Itália; e Portraits from a Slippery Look (2008), Goethe Institute Nairobi, Quénia. Participa em exposições colectivas desde 2005, de onde se destacam: Tomorrow Was Already Here (2012) Tamayo Museum, Cidade do México; SuperPower: África in Science Fiction (2012) Arnolfini Art Center, Bristol, Inglaterra; Other Possible Worlds – Proposals on this side of Utopia (2011) NGBK, Berlim, Alemanha; Propaganda By Monuments (2011) Contemporary Image Centre, Cairo, Egipto; There is always a cup of sea to sail in (2010), 29.ª Bienal de São Paulo, Brasil; Black Atlantic (2009) ar/ge kunst Galerie Museum Bolzano, Itália; e Luanda Pop – check list (2007) 52.ª Bienal da Veneza, Pavilhão Africano, Veneza, Itália.
O seu trabalho encontra-se presente em diversas colecções públicas e privadas, tais como: SD, African Collection of Contemporary Art, Luanda; Colecção António Mosquito, Luanda; Colecção BESA _ Banco Espírito Santo, Angola; Hélder Batáglia, Collection of Contemporary Art Luanda; Ellipse Foundation, Collection of Contemporary Art, Lisboa; e Metropolitana di Napoli, Nápoles, Itália.